No dia 22 de agosto a turma fez um passeio até o Museu de Arte da Pampulha, onde fizemos um reconhecimento espacial, croquis e discussões sobre os detalhes deste lugar. O Museu de Arte da Pampulha foi projetado por Oscar Niemeyer a pedido do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek (JK) e foi inaugurado em 1943. Não se trata de um projeto isolado, sendo que o Museu, que antes era um Cassino (em seu projeto original) ,faz parte do Conjunto Arquitetônico da Pampulha que também inclui a Casa de Baile, o Iate Clube e a Igreja São Francisco de Assis.
Percebe-se que este foi uma das grandes obras de Oscar Niemeyer e também um projeto cheio de inovações para época, uma vez que apesar de seguir algumas diretrizes do movimento arquitetônico modernista - como os cinco princípios determinados por Le Corbusier: planta livre, teto-terraço, pilotis, esquadria livre e grandes aberturas – misturou a pureza dos materiais com o rebuscamento, explorou tanto a horizontalidade como a verticalidade, foi atento ao diálogo entre o espaço e os usuários desse espaço, explorou também o jogo entre os volumes e diversas formas geométricas.
Vista de um lado do museu.
Parte de seu interior, destacando o grande painel com espelhos e os materiais utilizados.
Detalhe dos azulejos utilizados em contraposição com a pureza e simplicidade pregada pelo modernismo
“A obra é projetada como um conjunto em que cada elemento é visto de forma independente e autônoma. Além disso, os edifícios são pensados em estreita relação com o entorno, que fornece a moldura natural e a inspiração para os desenhos e plantas. O centro do projeto, de acordo com a encomenda, deve ser o cassino. Não é à toa que ele tenha sido o primeiro edifício a ser construído. Do alto da península que domina o lago, o prédio do cassino é concebido a partir da alternância de volumes planos e curvos, de jogos de luz e sombra. O bloco posterior em semicírculo estabelece um contraponto em relação à ortogonalidade do salão de jogos. O rigor das retas é quebrado pela parede curva do térreo e pela marquise irregular. O sentido vertical em que estão dispostos os caixilhos, por sua vez, se opõe à horizontalidade da construção. As superfícies envidraçadas e as finas colunas que sustentam a marquise são outros elementos a dotar de leveza o conjunto. O uso do vidro - também na escadaria que liga o restaurante ao terraço - é mobilizado em função da luz e da comunicação entre interior e exterior. Nos jardins projetados por Burle Marx (1909 - 1994), esculturas de August Zamoyski (1893 - 1970), José Pedrosa (1915 - 2002) e Alfredo Ceschiatti (1918 - 1989).” (retirado do site http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=instituicoes_texto&cd_verbete=4992 em 22 de agosto de 2011).
A utilização do vidro contribui para o diálogo entre meio externo e interno e atribuiu leveza ao edifício. A vista da lagoa da Pampulha a partir do interior do Museu é incrível! É a partir dessa “transparência” que podemos observar o paisagismo, obra de Burle Marx, que apesar da aparente desordem segue um padrão de cores e leva em consideração as espécies tipicamente brasileiras e o clima de nossa cidade formando também uma obra esteticamente agradável.
Vistas a partir do interior do Museu.
Em 1946 o Cassino foi fechado como consequência da proibição de jogos no Brasil. Em 1957 esse espaço ganhou nova função e se tornou o atual Museu de Arte da Pampulha. Mas por que decidiram utilizar o espaço do antigo Cassino como um museu e não para outra coisa? Entre os anos 1940 e 1950 a cidade de Belo Horizonte passava por uma forte expansão populacional, urbana e física e assim surgiu a demanda de ampliar a consciência cultural e artístca da população.
Em 1996 houve uma grande reforma que acrescentou ao Museu áreas como: salas multimídia, biblioteca, café, bar, lojas, entre outras. É uma pena que essa reforma resultou em alguns “crimes” contra a edificação, já que não conseguiu acompanhar os padrões adotados por Oscar Niemeyer deixando de preservar alguns detalhes que fazem total diferença para a composição da obra como foi observado e discutido durante nosso debate.
A partir de 2001 foi adotado um novo modelo de curadoria e o Museu passou a receber basicamente obras contemporâneas e que dialogam de alguma maneira com a edificação em alguns de seus diversos aspectos.
Nosso debate levantou muitas questões que poderiam passar despercibidas para outras pessoas, mas é a atenção aos detalhes que fazem desse um lugar tão especial. Mesmo depois de fazer toda a subida (caminho de ascensão) até a entrada do Museu ainda não é possível desvendá-lo por completo. É ao longo da caminhada ao seu redor e da interação com o espaço que você passa a “descobrí-lo”. Outros temas muito interessantes foram abordados como a diferença entre flexibilidade e polivalência, as inovações que estavam presentes no modernismo e como Oscar Niemeyer conseguiu as transgredir de uma maneira bastante positiva nesse projeto a obsolecência programada e a insersão social.
A partir de agora as observações só tendem a aumentar e é a partir da curiosidade e da percepção espacial que vamos descobrir, aprender e questionar muitos aspectos da arquitetura e crescer como profissionais.
Meus croquis:
Croqui da fachada frontal.
Tentativa de retratar a transição entre os diferentes materiais utilizados.
Croquis de detalhes dos azulejos.
Croquis das fachadas.
Nesse post, há algumas fotos que tirei hoje e os croquis que desenhei (é só clicar em cima delas para aumentar). Espero que consigam ter uma ideia do MAP a partir deles e que gostem. Até o próximo post!
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
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